Doce de Amor: o nosso fracasso do Marketing!

Doce de Amor: o nosso fracasso do Marketing!

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Por estes dias, tenho desejado, desesperadamente, que o Amor nascesse nas árvores. Deveria ser um fruto doce, apetecido por todos, com sabor a melão e laranja e a especiarias afrodisíacas. Mas não.

– (…) Temos Doce de Ameixa e Gengibre, Amor, que é um doce docinho, com melão e laranja e especiarias afrodisíacas, Amora, Cenoura… Tamarilho e Tomate Coração-de-Boi. Temos agridoces que acompanham bem queijos e carnes, que são (…), geleias (…), marmeladas (..) e Licores (…).
(Bis)
(…)
(Bis)

Entro em desespero, inverto a ordem alfabética, na esperança do pessoal se decidir antes de chegar à letra A:

– Tomate Coração-de-boi, Tamarilho…
– Amor?! O que é?

– Melão e Laranja com Especiarias… afrodisíacas…

Num ano de pouca e fraca fruta, o Amor, se houvesse desta fruta tão escassa, devia custar o seu peso em ouro! Mais caro ainda, porque é difícil comó raio vender este mal-pensado doce.

Há anos tive a ideia (peregrina) de fazer um doce para os apaixonados, para adoçar as almas enamoradas. A ideia parecia inovadora, a imagem era bonita e tudo indicava que seria um sucesso. Achava eu… Só que marketing e branding não são áreas do domínio do comum dos mortais (como eu) e, às vezes, muitas vezes, o melhor era “estar queto”.

Ora, vejamos a situação:

– Querida, comprei-te um docinho delicioso. Podemos fazer um lanchinho amoroso, com umas tostinhas e beber um chá…
– Sim amorzinho, mas traz uma toalhinha da cozinha para apanhar as migalhas, senão limpas tu!

Os namorados são jovens “tesos” que, com sorte, compram um chocolatinho (sempre na mira da partilha a dois!), um peluche da “Loja dos 300” ou, porque o que vale é a intenção e viver o momento, um postal com uma mensagem amorosa. Enquanto o amor durar, o dito postal ainda fica pendurado no quadro de cortiça por cima da secretária, para depois ficar perdido numa gaveta, ou ter outra sorte pior.

Estou no Mercado de Natal deste dia 01/12, já repeti a cantiga umas 1500x e nem por isso vendo este doce! “Doce de Melão e Laranja” seria, de longe, um nome mais feliz para esta iguaria. Note-se que já deixei cair a parte das “especiarias afrodisíacas”… Pior: a palavra “afrodisíaco” não funciona, ajuda até a “espantar a caça”, pois as pessoas não se mostram NADA necessitadas destes extras!

Sábado de manhã. Ando cansada, mas fui convocada para o jogo do Andebol. O meu assistente demite-me se eu não estiver na claque a gritar pela equipa. E quando ele marca um golo?! Olha directo para mim e lá me sai um “És lindo!”. Aliás, ele é sempre lindo, até quando a trave estremece com um remate.

Por vingança e para poupar o meu latim, decidi oferecer o Doce de Amor à Equipa Mista de Infantis do ABC. Note-se que a parte do “afrodisíaco”, era suposto ser apenas "marketing", que o doce nunca foi degustado em quantidade suficiente para atestar a veracidade desta propriedade! A avaliar pelo meu assistente, que “não tem namorada, nem quer”, esta questão não interessa e nem diz muito aos vitoriosos presenteados.

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